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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

RETROSPECTIVA 2011 (BMX)

O ano de 2011 foi bastante diferente dos outros para o BMX. Na grande mídia o esporte não teve muito destaque apesar da grandiosidade de eventos como o X Games e Dew Tour. Mas isso não significa que o mercado estagnou, muito pelo contrário, teve um crescimento nunca antes visto.
Em todo o mundo é notável o grande aumento no número de praticantes nas pistas (skateparks), nas ruas e nos locais de dirt. No Brasil não foi diferente, é possível encontrar jovens com suas bikes montadas circulando por aí e em algumas pistas eles chegam a ser até maioria.
Este fenômeno se deve ao fácil acesso à internet, as empresas viram o potencial e começaram a investir forte em webvídeos e produtos voltados ao lifestyle, ou estilo de vida, por isso o foco desses vídeos disseminados pela rede se voltaram para o street, para atrair o garoto que não tem uma pista por perto, mas que tem uma calçada ou escadaria na esquina mais próxima.
Uma recente pesquisa mostrando quais os nomes mais procurado nos sites de busca, mostram que os pilotos chamados "campeonateiros" não são os preferidos. Isso mostra que os vídeos estão surtindo efeito justamente por mostrar o lado mais curtição, do rolê de BMX sem as pressões dos grandes eventos.
1- Tom Dugan;
2- Garret Reynolds;
3- Chase Hawk;
4- Aaron Ross;
5- Chad Kerley;
6- Ty Morrow;
7- Dakota Roche;
8- Harry Main;
9- Nathan Williams;
10- Sean Ricany.
Muitos dessa lista também participam de campeonatos, porém, a maior parte de seu tempo eles dedicam a produção de webvídeos. É impressionante ver o poder que esses vídeos tem para a promoção das marcas e dos pilotos,  o primeiro nome da lista é um piloto do Texas que nunca participou de um único campeonato, Tom Dugan.
Tom Dugan se deslocando pelas ruas de Austin, Texas.
Tom Dugan se deslocando pelas ruas de Austin, Texas. | Foto: Fit Bike Co.

Dois fatos também marcaram o ano de 2011, o primeiro foi o primeiro triple backflip no dia 20 de maio, feito por um piloto neo zelandês até então desconhecido, Jed Mildon. Sem nenhuma prévia o vídeo foi lançado na internet e correu o mundo. Uma estrutura própria foi construída para o feito, era um gate gigantesco, com uma descida extremamente inclinada para fornecer velocidade suficiente com um lançamento longo e bem cavado, propício para quem queria dar 3 giros completos no ar. Jed completou a manobra na primeira tentativa e ganhou nome e notoriedade para participar mais tarde do Big Air nos X Games, porém com resultados modestos.
Jed Mildon logo após o feito comemorando o 1º triple backflip da história.
Jed Mildon logo após o feito comemorando o 1º triple backflip da história.| Foto: Unit Riders.

O segundo fato foi a morte do australiano Dane Searls, um jovem piloto de 23 anos que ficou conhecido por ser o criador do Giants of Dirt, evento para promover o maior dirt do mundo, a última rampa da sequência que Dane saltou tinha 18 metros de distância! Dane ficou em estado grave em um hospital da Gold Coast por uma semana e faleceu em consequência das lesões causadas por uma queda ao tentar saltar de uma sacada para a piscina em uma festa.
Dane Searls 1988-2011.
Dane Searls 1988-2011.

É claro que os campeonatos ainda tem grande importância para o BMX, é ainda uma boa forma de difundir o esporte para o público em geral e parece que este ano, a grande maioria dos pilotos só se concentraram nos grandes eventos e campeonatos com uma forte tradição.
Logo no final de fevereiro, época em que os BMXers tiram as merecidas "férias", rolou na Estônia o Simpel Session 11. Campeonato que já está na sua décima primeira edição e é realizado anualmente na cidade de Tallin. O Simpel teve a participação de 2 brasileiros, Leandro Moreira "Overall" e André Jesus que fizeram seu papel e colocaram a bandeira do Brasil no cenário mundial do BMX. Overall que é um especialista do dirt mostrou em Tallin que pode andar em qualquer terreno sem muita dificuldade, no ano anterior na sua 1ª participação, foi para a final e terminou o evento na 6ª colocação, mas na edição de 2011 não escolheu sua melhor linha e finalizou na 31ª colocação.
Já André Jesus aprendeu com a experiência do ano anterior e conseguiu uma vaga nas finais. Jesus fez boas linhas e foi bem consistente, mas com a lista dos finalistas forrada de grandes nomes acabou fechando o Simpel com a excelente 16ª colocação.

Melhores momentos do Simpel Session 2011.

André Jesus e Leandro Moreira um pouco antes de partir pros treinos do Simpel.
André Jesus e Leandro Moreira um pouco antes de partir pros treinos do Simpel. | Foto: Rui O.
Ainda em Tallin, a grande surpresa veio de um canadense que venceu o campeonato, Drew Bezanson, o jovem de 22 anos veio com tudo mostrando toda a sua habilidade e base. Ele era a grande promessa do ano, seu nome já estava na lista do X Games e Dew Tour, mas infelizmente acabou se machucando e foi obrigado a abortar a missão para 2011 e aplicá-la com toda força em 2012.
Drew Karl Lewis Bezanson.
Drew Karl Lewis Bezanson. | Foto: Rui O.
O Dew Tour é uma série de eventos que os pilotos usam para ganhar destaque por ser um evento aberto, para ser inscrito na série, o piloto tem que apresentar toda a ducumentação dos patrocinadores para provar que é profissional. Por isso o Dew é conhecido por revelar novos nomes, este ano a bola da vez foi o australiano Kyle Baldock que impressionou a todos com um BMX de muita força e manobras incríveis como o double backflip que encaixava no meio das linhas. Baldock competiu no dirt e no park do evento.
O australiano Cameron White no Gap do Dew Tour.
O australiano Cameron White no Gap do Dew Tour. | Foto: Rui O.
Em julho foi a vez do evento mais esperado do ano, o X Games 17 na cidade de Los Angeles na Califórnia. Mais uma vez tivemos a participação do brasileiro Diogo Canina que já guarda em sua casa "oficial" na cidade de Amparo, interior do estado de São Paulo, 2 medalhas de prata do evento. Apesar da vontade de subir novamente ao pódio dos X Games, Diogo mostrou que os campeonatos não são mais seu grande foco, agora ele prefere andar de bike sem pressão e sessões com amigos na cidade de Greenville, Carolina do Norte nos Estados Unidos e concluir o curso de economia que faz no East Carolina University. Diogo ficou com a 7ª colocação, mas em compensação ganhou uma foto na capa da revista Ride BMX, a 1ª de um piloto brasileiro.
Capa da Revista Ride BMX.
Capa da Revista Ride BMX. | Foto: Keith Mulligan- Transworld/Ride BMX.

O park dos X Games foi marcado pelo retorno do venezuelano Daniel Dhers ao topo do pódio. Daniel mostrou que tem a competição na veia e conseguiu finalmente se adaptar ao formato superpark, que lembra muito as pistas com linhas sinuosas de concreto da Califórnia.
Daniel Dhers e as cores da Venezuela no park dos X Games 17.
Daniel Dhers e as cores da Venezuela no park dos X Games 17. | Foto: J. Duplechian/ESPN Action Sports
5ª medalha de ouro consecutiva para Jamie Bestwick.
5ª medalha de ouro consecutiva para Jamie Bestwick. | Foto: Joshua Duplechian/ESPN Action Sports
No vertical o domínio continuou com Jamie Bestwick, pela 5ª vez, levou o ouro no vertical, mas com 2 australianos logo atrás que estão diminuindo cada vez mais a diferença que existia entre o Bestwick e os outros. Vince Byron cresceu muito, inovou trazendo um estilo parkeiro pro vert finalizando com o bronze e a prata para Steve McCann que vai dar bastante trabalho para Bestwick em 2012.
No Big Air, a disputa foi um repeteco australiano do vertical, entre McCann e Byron. O grande favorito Chad Kagy acabou se acidentando e fraturando o fêmur, encerrando prematuramente sua temporada. Steve McCann ficou com o ouro, Byron com a prata e Kagy mesmo após o acidente ficou com o bronze. No street não houve novidade, mais uma vez Garret Reynolds destruiu o cenário montado para a competição, como se fosse possível, Garret está cada vez melhor, ele não poupou nada, se houvesse algum prego solto na pista com certeza faria alguma manobra sobre ela. Garret é imbatível.
Toda a imensidão do Big Air dos X Games 17.
Toda a imensidão do Big Air dos X Games 17. | Foto: Joshua Duplechian/ESPN Action Sports.
Garret Reynolds no habitat natural, bar bar 180.
Garret Reynolds no habitat natural, bar bar 180. | Foto: Joshua Duplechian/ESPN Action Sports
Depois das transmissões do X Games o BMX Blog foi para a 3ª etapa do Dew Tour em Salt Lake City, junto com Leandro Moreira "Overall" que havia se classificado na etapa anterior em Portland. Esta foi a oportunidade de sentir na pele quais eram as impressões que os BMXers brasileiros estavam causando na cena por lá e pelo visto, os gringos nos vêem com bons olhos e nos respeitam. A cena não busca somente os resultados nos campenatos e sim representantes que mostrem o melhor do BMX de cada região e nesse sentido os brasileiros estão mostrando realmente do que nosso BMX é capaz.
Overall esticando um superman na 3ª etapa do Dew Tour.
Overall esticando um superman na 3ª etapa do Dew Tour. |Foto: Rui O.
Outro grande fruto dessa viagem, foi a entrevista com Cameron Wood (para assistir a entrevista clique aqui>>), um dos embaixadores da cena de Salt Lake City, na entrevista ele revelou a realidade da maioria dos pilotos nos Estados Unidos mostrando que as coisas não são tão diferentes da nossa realidade, a única diferença é a vontade de fazer acontecer.
Cameron Wood e seu Tanner Trails.
Cameron Wood e seu Tanner Trails. | Foto: Rui O.
2011 foi um ano de expectativas concretizadas, muitas coisas boas rolaram, algumas ruins, mas ainda tivemos um saldo bem positivo. A evolução de manobras, a versatilidade e a criatividade continuam a dar novos ares para o esporte, o que é um ótimo sinal mostrando que o limite ainda está bem distante. Outro detalhe é a volta de algumas coisas que eram consideradas fora de "moda", como os bancos altos e largos. Isso mostra que o nome BMX freestyle (estilo livre) é bem adequado, não existe uma moda a ser seguida, o que vale é ter uma bike adequada para o seu rolê.
No Brasil o BMX continua em franco crescimento, o número de lojas especializadas aumenta cada vez mais em todo território, os programas de apoio e patrocínio estão ficando cada vez mais sérios o que representa um passo muito importante para a profissionalização do esporte. Estes são sinais de que o ano de 2012 será de um crescimento maior ainda, assim como o intercâmbio entre os pilotos brasileiros e os gringos.

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